segunda-feira, 30 de julho de 2007

arremetendo

tenho um trem de pouso infiltrado no meu peito aéreo
já consultei médicos e versados sobre o assunto
mas nenhum plantão nem faixa preta nada para mim foi páreo

meu pulso pegou um vôo atrasado e partiu
sem espaço para o que chamam de "regresso"
nem pneumotórax nem tango argentino, manuelito
serão possíveis pra mim neste débil e impreciso momento

nenhuma manobra dará cabo
nada que possa permitir um pouso tranqüilo
nada que destrave de vez esse meu reverso

nenhum plano nem pano
mesmo que úmido
que possa secar a tempo
essa lâmina
[ navalha fatal
roubando a minha pista
roubando a minha vida

minha caixa preta
[ programada para não ser encontrada
com todas as minhas personas
com todas as minhas memórias
trago em bagagem reclusa
pressurizada
dentro de mim

e assim fui tomado de assalto
sob esse mau tempo
e dou início à secreta e forçosa viagem
de duvidosa decolagem
e aterrissagem

misteriosamente

[ in
d
efi
n
ida

4 comentários:

  1. bixo...!
    que foda!

    ... o mais estranho é que tragédias inspiram mesmo, né? não adianta tentar escapar... nem aristófanes escapou! heheh

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  2. gostei que vc tirou aquela observação que as estrofes estavam em construção....na real já estava pronto!
    beijo

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  3. Nem pneumotórax nem tango argentino, né, primo? o que a gente faz?

    Saudade! :***

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  4. Nada é definitivo, tudo é definido. Um dia, definha. Sua bagagem é o que se leva desta vida!

    Nada demais, nada por menos.
    Saborosa viagem!

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